Os meios justificam os fins

Quando fiquei grávida eu me senti a pessoa mais impotente do universo, como se todas as direções que a minha vida fosse tomar dali em diante não mais passassem pela minha escolha, e tão rápido quanto eu virei a maníaca controladora da casa. Nada mais passa sem estar numa lista, organização ou planejamento prévio.
Foi mais ou menos nessa vibe que eu comecei a lista 101 coisas em 1001 dias que servia de uma forma bem divertida ao meu prazer de "ticar" itens concluídos e dar aquela satisfaçãozinha de produtividade.
O que eu não esperava era que o (meu) mundo continuaria a girar como roda gigante e numa dessas baixas eu fosse entrar em crise... junto com a separação, com as decepções profissionais, os planos frustados e todo o resto, veio a depressão.
Mas como diria a canção "she moves in mysterious ways" e foram as pequenas coisas que me fizeram continuar, eu não tinha vontade de me cuidar, aliás, mal levantar da cama eu fazia conscientemente, mas eu tinha um pequeno ser que (literalmente) gritava por atenção, que me forçava a brincar até que eu mesma estava às gargalhadas.
Eu, obsessiva-controladora que virei, usava a lista como uma espécie de mandamento. Eu me alongava, tomava o 1L de água por dia, passava hidratante no corpo (e consequentemente tinha que tomar banho), até viajar, tudo porque precisava concluir aquele item.
E quando eu vi, passaram-se uma semana, duas, 1 mês ou mais... e eu não me sentia mais tão mal. É claro que eu ainda não cheguei ao estado que sempre tive de "me cuido porque me amo em primeiro lugar", mas eu não preciso mais me esforçar tanto... eu continuo cumprindo os itens porque quero "ticá-los" da lista mas também o faço porque me sinto bem em fazê-lo, assim só.
Estou longe de ter encontrado um caminho, beeeeem longe eu diria. Mas já entendi que sair dessa posição depende de mim. Logo mais hei de encontrar um terapeuta bacana e aprender a aceitar todo o resto.
E no fim, no fim isso é só o começo...