23 março, 2008

As Cartas que eu não Mando

Quem nunca escreveu cartas pra alguém que já se foi?
Mesmo quando não intendia entregá-las...
Quem nunca se apegou a um passado e passou a revivê-lo em si?
Quem nunca se enganou um pouquinho e quis fingir que aquela pessoa ainda esta na sua vida?

Osasco, hoje é 23 do 3
Como vão as coisas, de mês em mês?
Eu me sento pra escrever pra você

Eu reformei a casa, você nem soube disso... Nem das outras coisas
Sabe, eu tive um filho!
Já faz tempo que eu me perdi de você

Guardo pra te dar as cartas que eu não mando
Conto por contar e deixo em algum canto

Vi alguns amigos tropeçando pela vida
Andei por tantas ruas
São estórias esquecidas que um dia eu quis contar pra você

Eu fico imaginando sua casa e seus amigos, com quem você se deita, quem te dá abrigo
Eu me lembro que eu já contei com você

E as pilhas de envelopes já não cabem nos armários
Vão tomando meu espaço, fazem montes pela sala
Hoje são a minha cama, minha mesa, meus lençóis
E eu me visto de saudades do que já não somos nós

2 comentários:

  1. Já dizia Fernando Pessoa:

    "Todas as cartas de amor são Ridiculas.
    Não seriam cartas de amor se não fossem
    Ridículas.
    As cartas de amor, se há amor, têm de ser
    Ridículas. "

    É...estranho esse tipo de sensação.

    Parafraseando F.P:

    Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram se sentiram assim é que são
    Ridículas.

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